Uma semana de treinamento numa equipe esportiva é composta de várias sessões de treino e nesse contexto a ordem é fundamental e interferirá diretamente na obtenção dos resultados desejados. Neste contexto, a semana é composta de muitas sessões técnica e tática (tec/tat) em relação às físicas, até mesmo porque o trabalho tec/tat trabalha os aspectos físicos, mas isso não impede que sejam planejadas sessões basicamente físicas também. y30e
Uma sessão de treino semanal bem planejada é como um muro de tijolos bem feito. Cada uma acrescenta e complementa a posterior de forma organizada e planejada, acrescentando os conteúdos propostos para a preparação da equipe, sempre pensando em como enfrentar seu adversário na partida (pensando num jogo no final de semana), é um processo contínuo e complementar, cada treino deve acrescentar algo para o próximo.
Os conteúdos trabalhados nas sessões semanais variam muito, mas a estrutura da semana geralmente segue um padrão. Primeiro treino da semana pós-jogo, de adaptação ou um volume de treino maior (conforme a condição dos jogadores) nos próximos com mais volume e intensidade (geralmente terça e quarta) e na quinta em diante (até o jogo) a carga vai diminuindo, gerando um desgaste menor pensando numa boa recuperação para no final de semana onde os jogadores estarão o mais recuperado possível para enfrentar o adversário.
Geralmente a grande maioria das sessões possuem aspectos técnicos e táticos, sem deixar de atender os aspectos físicos, mas não se excluem os treinos físicos (que também podem trabalhar aspectos tec/tat também) conforme e quando necessário. Sempre pensando em potencializar as capacidades físicas, complementando e/ou elevando alguns níveis que as sessões técnicas e táticas não conseguem esta elevação. Um exemplo disso são equipes que usam a musculação, não, é algo específico do esporte, porém melhoram a estrutura física do jogador para ar melhor a partida.
É comum que as sessões de aspectos físicos serem aplicadas de forma fracionadas no aquecimento, forma que gosto muito de utilizar. Vamos pensar que para atingir um alto nível competitivo e complementar fisicamente os treinos tec/tat semanais precise reforçar algum aspecto importante, por exemplo, a força. Talvez uma sessão isolada esteja fora do contexto ou atrapalhe a evolução dos objetivos trabalhados pela fadiga gerada e que afetará negativamente os próximos treinos, ou deixar de treinar uma tec/tat mais importante e específica. Então fracionar esse trabalho em várias menores durante a semana surge como uma solução efetiva.
Se pensarmos numa semana de treino de segunda até sábado com o jogo, e nesse contexto colocar um treino físico com uma sessão com duração de 60 minutos, não haveria problemas. Mas pensando na necessidade de trabalhar os conteúdos tec/tat podemos fracionar este trabalho físico em volumes menores (15/20min) utilizados de segunda a quinta, dependendo do objetivo desse trabalho físico.
Nesta situação, o volume de treino seria igual ou superior ao da sessão isolada (60/80 min) e pode apresentar algumas vantagens importantes. A fadiga gerada nesses treinos fracionados, serão bem menores que numa única sessão, não interferindo significativamente nas sessões posteriores, como são várias sessões o objetivo será o mesmo, porém a forma de trabalho pode ser variada em cada dia possibilitando estímulos diferentes para atingir os mesmos objetivos e isso pode ser muito efetivo, além de conseguir trabalhar um volume maior semanal sem afetar ou sobrecarregar o trabalho da semana.
Mas isso também não impede de programarmos alguma sessão especialmente de caráter físico na programação conforme a necessidade, o tempo disponível, semana sem jogo ou qualquer circunstância nova que surge, mas a forma em que se insere na programação fará toda a diferença na forma do trabalho.
Numa semana cheia (6 dias de treino) a colocação desta sessão física interferirá no conteúdo e na forma de trabalho, podendo ser com objetivo de aquisição da forma atlética, estimular aspectos que serão potencializados nas sessões posteriores, como “quebra de ritmo” onde na semana se trabalha muito o mesmo aspecto com alta exigência física e se quebra essa rotina trabalhando outro conteúdo (sendo este diferente e conforme a necessidade mais ou menos intenso que a rotina) e até mesmo uma sessão que busque uma recuperação física entre as sessões.
Pensando assim fica evidente que o dia em que será aplicada essa sessão física afetará a forma de realizá-la, pensando um treino de volume e intensidade maiores que o comum é importante que seja feita numa sessão que não atrapalhará as posteriores, então se a aplicação for numa quarta onde à equipe treinará até sábado(sem jogo), diferirá de se aplicar no sábado onde os jogadores terão uma folga e voltarão na segunda. O objetivo poderá ser o mesmo, mas a forma de aplicar e montar o treinamento (para mim) deverá ser bem diferente.
Outro aspecto muito importante, se a comissão define uma sessão na programação especialmente física e o preparador físico usa bastante os aquecimentos para esses ganhos também, o tempo disponível para trabalhar fisicamente é bem maior, podem-se trabalhar muito bem estes aspectos, pois praticamente na semana teremos o volume de 2 sessões físicas sem interferir no volume dos aspectos tec/tat trabalhados que são fundamentais para a evolução da equipe.
Finalizando, existem treinadores que em seus trabalhos abordam os aspectos físicos de uma forma mais completa, outros a forma de trabalho não atendem tanto assim. Cabe ao preparador físico, analisando o trabalho, aplicar seus estímulos, ajustando a equipe para ar a forma de treino e jogo como o primeiro treinador, e aprimorando as capacidades físicas menos trabalhadas como no segundo. E isso é feito ajustando suas cargas de trabalhos e objetivos na semana de treino, seja fracionando as sessões, aplicando sessões isoladas e também utilizando as duas formas para buscar o resultado desejado.
Essa para mim é a maior responsabilidade do preparador físico, preparar a equipe ajustando-a para realizar tudo o que o treinador pretende com sua forma de jogar, a flexibilidade deste profissional é ponto-chave para o resultado e, portanto, o preparador utiliza seu conhecimento para auxiliar o treinador dando o e necessário para a forma de jogar da equipe, corrigindo deficiências físicas, potencializando as capacidades e preparado os jogadores para realizar competitivamente as tarefas propostas pelo modelo de jogo deste treinador.
Assim o preparador físico controla, ajusta e modula os treinos físicos para potencializar o trabalho do treinador usando para isso as várias possibilidades de aplicação destes conteúdos.
Abraço!!!