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Frederico Westphalen vive mais um capítulo das mobilizações do campo nesta sexta-feira, 6, com o bloqueio total da BR-386, no quilômetro 32, no entroncamento com a RS-150, próximo ao Parque de Exposições. A ação integra um movimento estadual promovido por agricultores que exigem do governo federal a securitização das dívidas rurais, medida prevista no Projeto de Lei 320/2025.
Com apoio de diversas entidades, empresas do setor e comerciantes locais, o protesto visa pressionar o poder público a tomar providências diante da crescente crise enfrentada pelos produtores rurais gaúchos.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Frederico Westphalen, Amarildo Manfio, a mobilização reflete o desespero de quem já não encontra alternativas para manter sua atividade.
– Jamais gostaríamos de ver o agricultor protestando em cima de uma BR. O lugar do produtor é na propriedade, produzindo alimento. Mas, diante da seca, das chuvas excessivas e do desprezo dos governos, não resta outra saída –, afirmou Manfio.
Segundo ele, as mobilizações deste ano já se multiplicaram em diversos pontos do estado, com atos em agências bancárias e em frente ao Ministério da Agricultura, em Porto Alegre. “O agricultor quer pagar suas contas, manter o F em dia. Mas precisa de apoio para continuar na atividade. A securitização é fundamental neste momento”, reforçou.
Um dos apoiadores do movimento, Fernando Zimmermann, da empresa Plantare Sementes, destacou a importância de a sociedade urbana compreender o papel do produtor rural.
– O agricultor não está aqui para fazer baderna, mas para sobreviver. Vi muitos comentários nas redes sociais criticando quem tem trator novo. Mas essas máquinas são financiadas, são ferramentas de trabalho. A produção exige tecnologia e agilidade. O povo precisa enxergar que tudo que está no mercado — do alimento à roupa — tem origem no campo –, desabafou.
Zimmermann também fez um apelo à população da cidade para apoiar a causa: “Convidamos comerciantes, moradores, todos que dependem do agro para se juntarem a nós. Se o produtor parar, para a indústria, para a arrecadação. Não é só um problema do campo, é de toda a sociedade.”
A mobilização ocorre de forma pacífica e organizada, com liberação parcial do trânsito em momentos determinados. A Polícia Rodoviária Federal acompanha o movimento. Veículos de emergência têm agem liberada.
Entre as principais reivindicações dos agricultores estão:
A suspensão imediata dos vencimentos de curto prazo em bancos, cooperativas e cerealistas;
A fiscalização da aplicação correta da legislação do crédito rural;
A reestruturação das dívidas com securitização;
A revisão das regras do Proagro e Pronaf, que têm restringido o o ao seguro e ao crédito rural.
Manfio conclui com um alerta: “Se não houver um plano emergencial no novo Plano Safra, nossa região, que é essencialmente agrícola, corre o risco de um colapso. A crise no campo já afeta os preços, os empregos. Precisamos de políticas públicas à altura da importância do agricultor para o Brasil.”
A mobilização deve seguir ao longo do dia e pode se estender para os próximos, acompanhando o calendário de ações articuladas por sindicatos rurais em todo o estado. A rodovia tem liberação em horários determinados, permitindo a agem dos veículos.
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