
A missão evangelizadora da Diocese de Frederico Westphalen ultraa fronteiras e chega ao continente africano. No próximo mês de maio, o padre Mauro Luiz Argenton embarca para Moçambique, onde dará início a um período de três anos de trabalho missionário na Paróquia de Micane, localizada na província de Nampula, ao norte do país. A iniciativa faz parte de um compromisso assumido pelas dioceses do Rio Grande do Sul há mais de três décadas, enviando sacerdotes para colaborar na evangelização e no serviço pastoral em terras africanas. 6v1ti
Atualmente pároco em Constantina, padre Mauro encara a missão com um misto de alegria e apreensão. "Sempre desejei viver uma experiência missionária mais intensa, em um lugar onde a presença da Igreja Católica fosse realmente necessária. Ao mesmo tempo, sei que será um grande desafio, pois estou deixando minha comunidade, minha família e meus amigos para servir em uma realidade totalmente nova e desafiadora", expressou.
A despedida está marcada para o dia 17 de maio. O percurso até Moçambique será longo, com aproximadamente 40 horas de viagem até a chegada ao destino final. O sacerdote atuará em uma região onde cerca de 70% da população é muçulmana, o que torna o trabalho de evangelização um processo gradual e pautado pelo diálogo inter-religioso.
Além disso, a barreira linguística é um dos primeiros desafios a serem enfrentados, pois a língua predominante na região é o macua, um idioma bantu falado por milhões de pessoas, mas que tem poucas semelhanças com o português.
– Estou me preparando para aprender a língua, porque sei que comunicar-se é essencial para criar laços e transmitir a mensagem do Evangelho. Inicialmente, contarei com a ajuda de líderes comunitários que farão a tradução durante as celebrações e atendimentos pastorais –, explicou padre Mauro.
A missão será marcada por um intenso trabalho pastoral. A Paróquia de Micane compreende uma área extensa, com comunidades rurais espalhadas por longas distâncias. Em algumas delas, a presença de um sacerdote acontece apenas uma vez por ano, o que torna cada visita um momento muito esperado pela população local. "A Igreja lá funciona de uma maneira diferente do que estamos acostumados no Brasil. Os leigos têm um papel fundamental na evangelização e na manutenção da fé dentro das comunidades. Eles se reúnem, rezam e organizam celebrações, mesmo sem a presença constante de um padre", relatou.
Além dos desafios espirituais, a missão em Moçambique impõe dificuldades do ponto de vista material e climático. A falta de infraestrutura básica, como energia elétrica e água encanada, é uma realidade cotidiana. O calor intenso, com temperaturas que podem ultraar os 50°C, também exigirá adaptação. Outro fator preocupante é a incidência de doenças tropicais, como a malária, que afeta tanto os habitantes locais quanto os missionários.
– Estou ciente dos desafios que encontrarei, mas confio na providência divina e na força da missão. Nosso papel como sacerdotes é ir ao encontro dos mais necessitados, e estou disposto a dar o meu melhor para ajudar essa comunidade –, afirmou.
Padre Mauro assumirá a missão no lugar do padre Luiz Weber, da Diocese de Santo Ângelo, que permaneceu na paróquia moçambicana por cinco anos. Sua chegada representa a continuidade desse trabalho missionário iniciado pelas dioceses gaúchas, reforçando o compromisso da Igreja no Rio Grande do Sul com a evangelização em outras partes do mundo.
– A Igreja é católica, ou seja, universal. Quando nos dispomos a servir em outra cultura e realidade, testemunhamos essa universalidade e fortalecemos os laços de fraternidade entre os povos –, destacou o sacerdote.
Enquanto o padre Mauro se prepara para sua nova missão, a Paróquia de Constantina também a por mudanças. A istração paroquial será assumida pelo padre Marco Antônio Jardinello, que agora será o novo pároco, contando com o auxílio do recém-chegado padre Adilson Magri. A comunidade se organiza para despedir-se do sacerdote com celebrações e homenagens, demonstrando o carinho e a gratidão pelo tempo de serviço prestado.
A Diocese de Frederico Westphalen acompanha de perto a preparação e a partida do missionário, oferecendo apoio espiritual e material para essa nova etapa.
Com coragem e disposição, padre Mauro Luiz Argenton inicia sua caminhada missionária, levando consigo não apenas a fé, mas também a solidariedade e o amor ao próximo, valores que transcendem barreiras e aproximam culturas. Seu compromisso reforça o papel da Igreja como uma instituição que, independentemente das dificuldades, se faz presente onde há necessidade de evangelização e serviço ao povo de Deus.
Publicado por