Corsan é privatizada pelo Governo RS
Em leilão de lance único, entidade foi vendida para a Aegea com uma oferta de R$ 4,151 bilhões, que representa ágio de 1,15%
Publicado em 20/12/2022 às 14:42
Capa Corsan é privatizada pelo Governo RS

A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) foi arrematada em leilão realizado na bolsa de valores de São Paulo, a B3, na manhã desta terça-feira, 20. O grupo Aegea foi o vencedor da disputa com uma oferta de R$ 4,151 bilhões, que representa ágio de 1,15%. Esse montante é pouco acima do preço mínimo de R$ 4,1 bilhões estipulado para a liquidação do patrimônio da Corsan. Apenas a Aegea apresentou proposta no certame. Maior empresa do setor no Brasil, a Aegea já opera uma parceria público-privada (PPP) com nove municípios da região metropolitana de Porto Alegre. O vice-presidente de Relações Institucionais da Aegea, Rogério Tavares, afirma que o fato de a empresa já atuar no Estado por meio da PPP com a Corsan ajuda nesse processo de aquisição do controle da companhia.A realização do leilão da Corsan ocorre após uma série de embates judiciais. Na segunda-feira, 20, o governo do Estado conseguiu garantir a realização da disputa para privatização da companhia. O certame havia sido suspenso pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4) na última quinta-feira 15, mas uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) anulou a medida, a pedido do governo do Estado, na noite de segunda-feira.Apesar da liberação da concorrência, o presidente da Corte, ministro Lelio Bentes Corrêa, manteve vedada provisoriamente “a realização de qualquer ato que envolva do contrato de compra e venda das ações detidas pelo Estado do Rio Grande do Sul no capital social da Corsan ou a efetiva transferência de tais ações ao adquirente”.O que diz o Sindiágua? 2w3l11

Em nota enviada ao Complexo LA, o Sindiágua, diz que irá anular esse leilão.  Leia abaixo:
“A água é pública e não pode ser privatizada. Vamos anular esse leilão”, declarou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado do Rio Grande do Sul (Sindiágua) após o leilão da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) realizado na manhã desta terça-feira (20/12) na Bolsa de Valores B3 de São Paulo. A afirmação está baseada na ofensiva judicial que o Sindicato tem empreendido nas diferentes esferas. Há quatro medidas liminares que proíbem a do contrato com a arrematante exatamente porque afloram indícios de irregularidades neste processo. Agora vamos comprovar que essas irregularidades são reais e causam um enorme prejuízo ao Estado e ao povo do Rio Grande do Sul”, declarou Arilson Wünsch. A do contrato está prevista para 20 de março de 2023, mas está proibida pela Justiça de ocorrer antes do julgamento de mérito das ações em andamento.
Apenas uma empresa – a Aegea - se apresentou para arrematar a estatal pelo valor de R$ 4.151.508.819,45, com ágio de 1,1% sobre o valor mínimo exigido de R$ 4,1 bilhão. No dia 16/12 o Sindiágua registrou em cartório prevendo justamente a Aegea como vencedora a partir de suspeitas de favorecimento. O faturamento anual da companhia é superior a R$ 3,1 bilhões.

 

“A companhia foi vendida por preço pífio, a um único licitante, que era de todos conhecido muito antes sequer da publicação do Edital. É a legítima crônica de um prejuízo anunciado”, registrou o dirigente que estima o valor patrimonial da companhia em R$ 120 bilhões". 
 

“Entregar a Corsan pelo preço pago pela Aegea é um presente de Natal do Governo do Estado aos empresários privados. O Sindiágua vai provar que o valor pago, fica abaixo do valor real da companhia”, completa Wünsch. 
A ofensiva privatista se desenrola na contramão do movimento mundial de reestatizações de serviços públicos. Estudo recente demonstra 1.607 casos em 71 países ao redor do mundo de reestatização de serviços essenciais, especialmente na Europa e Estados Unidos.

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