
Enquanto torcedores, quando nossos clubes contratam jogadores criam-se expectativas sobre o rendimento destes na equipe, pensamos no nome, no histórico, nas capacidades desse jogador, mas essa avaliação é bem mais complexa do que isso.Contratar um jogador do mesmo mercado trará necessidades de adaptações, pelas características dos companheiros, modelo de jogo do treinador, funções que executará nesta nova forma, isso porque, mesmo equipes com mesmo esquema certamente os jogadores não terão funções idênticas.Agora para atletas vindos de outros mercados (como Europa e Ásia) essa situação é bem mais complexa, o ano competitivo no Brasil vai de janeiro a dezembro dependendo das competições que a equipe disputará, ou seja, de início ao final do ano. Já a Europa e outros mercados semelhantes às competições vão do meio de um ano e acabam na metade do próximo ano, tendo janelas de transferências (períodos de negociação dos jogadores) no meio e finais do ano.Assim, um jogador vindo de fora não estará no mesmo momento de treinamento que a equipe brasileira, e o pior, podendo chegar a jogar até 18 meses sem recuperação, gerando um grande desgaste principalmente nos momentos decisivos da competição nacional, que são onde se decidem as competições e seus títulos.O esporte competitivo é muito exigente, leva o corpo dos jogadores ao limite e após o término das competições precisam desacelerar e recuperar-se para a próxima temporada competitiva, ou seja, boas e merecidas férias. Mas se no momento da contratação o jogador estiver acabando a temporada no exterior e volta para jogar no Brasil ará possivelmente mais seis meses ou um ano competindo já bastante desgastado.Outra coisa é a forma de treinamento que estes jogadores estão acostumados fora do Brasil, em muitos mercados os treinos apresentam intensidades e volumes menores. Acabam treinando menos que se estivessem jogando aqui, se o jogador se adapta a este trabalho fora e não busca complementar os treinos aumentará a distancia entre os treinos do exterior com os daqui. Isso dificultará bastante a readaptação ao trabalho no Brasil.Quando trabalhei na Arábia, procurava complementar o trabalho do jogador brasileiro que estava lá (ele tinha a necessidade de treinar mais que os demais), desde treinos de bola parada (que era especialista) bem como seu condicionamento físico, caso contrário, a condição física que era um diferencial na chegada seria em parte perdida com o tempo e ao retornar ao Brasil estaria abaixo das condições físicas resultantes desse tipo de treino. Já para os jogadores “locais” treinamentos assim seriam muito intensos e desgastantes. Fui transformando os treinos por lá, aumentando a intensidade e aproximando do que penso, mas sempre respeitando a cultura e as características do futebol naquele país, mas mesmo assim era diferente da nossa realidade.Assim, não podemos pensar apenas que o jogador é uma peça que por maior que seja sua qualidade vai chegar uma equipe e resolver todos os problemas desta. Eles precisam de uma adaptação para nivela-lo com a equipe e assim poder desenvolver suas capacidades no esporte. A falta desta adaptação poderá gerar sobrecargas que atrapalharão o processo, também lesões e desconfiança (até mesmo pelo próprio jogador) por não render o que é o seu habitual.Cabe à comissão técnica ter a sensibilidade de entender o momento pelo qual o jogador esta ando, dar um e estrutural para este trabalhar e coloca-lo em condições de desempenhar sua função da melhor forma possível. Também um entendimento do jogador, bem como sua disposição para treinar, corrigir e nivelar estas diferenças (chegar fraco, gordo, sem um nível competitivo semelhante ao da equipe atual ou mesmo sobrecarregado).Lembrando que cada novo jogador trás uma história de treinamento que precisa ser levada em consideração e adapta-lo ao clube é um o importante para um bom desempenho deste nesta sua nova etapa profissional. 121i1i