Pré-temporada: cuidado na apresentação dos atletas
Coluna de Pedro Francke
Publicado em 22/02/2024 às 15:58h
Capa Pré-temporada: cuidado na apresentação dos atletas

Com o começo do ano competitivo muito se fala na pré-temporada, é o período de volta as atividades esportivas e de muito trabalho visando à participação da equipe em competições que exigirão muito dos seus jogadores. Então nessa etapa o trabalho visa deixar os jogadores aptos a ar essa grande demanda imposta pelas partidas que geram um grande desgaste físico e mental. 2p3fa

Mas hoje não vou falar dela, propriamente dita, mas de um grande cuidado que precisamos ter na apresentação dos jogadores no inicio dos trabalhos. Como é a volta das atividades esportivas e competitivas, é normal que os jogadores se apresentem nas mais variadas condições físicas. Alguns seguiram treinando e mantendo a forma física, outros não treinando, mas jogando várias competições amadoras pelo Brasil (conhecidas como extras), e ainda, o grupo que relaxou nas rotinas de treinos e cuidados com a alimentação na maior parte deste período.

Um dos objetivos da pré-temporada é unificar estes grupos heterogêneos (com grandes diferenças físicas) em um grupo competitivo, onde todos estejam aptos para competir com intensidade e segurança para ar a grande demanda que a competição exige.

Agora, quando pensamos nos três grupos citados anteriormente, para muitos, a grande preocupação é nos jogadores com mais tempo inativo, que realmente exigem cuidados. Mas, na minha visão, a maior preocupação é com aqueles jogadores que estavam em atividades amadoras até ou próximo a pré-temporada. O que ocorre é que durante a temporada, treinamos os jogadores para que em as cargas de jogo, mas nos extras, muitas vezes eles não possuem esta rotina de treinos e acabam jogando várias partidas nas férias, além, de finalizarem o ano anterior desgastado física e organicamente pelo ano competitivo que fizeram. Nesse contexto ocorre uma sobrecarga muito grande e que na apresentação alguns jogadores chegam ainda alterados e desgastados destas partidas.

Como a pré-temporada é um período de adaptação, aquisição e melhora da forma física, além da adaptação ao “modelo de jogo” (forma de jogar pretendida pelo treinador), este acaba sendo uma etapa intensa e de volumes mais altos do que durante a competição. Então, estes jogadores entrando neste momento desgastante, podem não apresentar o melhor rendimento e estão mais próximos de lesões.
Mas o foco não pode ser apenas neste grupo de jogadores, temos ainda os que mantiveram a forma física (não no mesmo nível da equipe) e os que ficaram mais inativos, e nenhum destes podem ser desprezados, mas precisam ter cuidados diferenciados.

Então, na forma que trabalho com estes grupos busco torná-los mais homogêneos (parecidos, mas respeitando as individualidades), ando por uma avaliação bioquímica no início dos trabalhos, onde através de um exame de sangue conseguimos mensurar alguns “biomarcadores” que vão nos mostrar o desgaste muscular e orgânico de cada jogador.
Muitas vezes, acompanhando os clubes do coração escutamos que “fulano” foi poupado do jogo pelo desgaste, fadiga, etc. É o mesmo processo, alguns exames indicam os níveis do risco deste jogador sofrer uma lesão e por isso ser poupado ou trabalhar de forma separada.

O segundo o, é ter um período de adaptação à volta das atividades (uma semana), onde realizo trabalhos que vão atender as necessidades dos três grupos, começando a nivelar eles entre si, estes trabalhos são muito variados e se baseiam em outras avaliações que foram realizadas. Assim, criamos uma base que irá possibilitar o aumento de carga e complexidade dos trabalhos nas semanas que virão. Importante salientar que falei em três grupos, mas eles são compostos por jogadores que possuem sua individualidade e não posso desconsiderar isso do meu trabalho, buscando atende-las.

Portanto, uma pré-temporada não pode ser embasada apenas considerando que “todos” os jogadores estavam de férias ou parados, e com isso, criar o planejamento de treino buscando compensar essa inatividade até para quem não estava inativo. Realmente, os inativos precisarão trabalhar mais para estarem aptos a competir, os que estavam fazendo a manutenção precisarão realizar menos volume de trabalho, e quem se apresentou desgastado, talvez necessitará trabalhar uma recuperação para depois começar a elevar as cargas de treino.

Isso é o treinamento desportivo, inúmeras variáveis que o profissional vai istrar e analisar conforme sua forma de pensar, mas nunca desconsiderando os princípios científicos que o norteiam, esse é o caminho para um bom desempenho.